E as lágrimas não mais molhavam sua face. De bruços, molhava o travesseiro, de suor. Sua pele, ignorando riscos, insistia em tornar-se mais e mais quente. Sua mente forçava rendição, e testava sua vontade. A visão, embaçada, conseguia ainda perceber as cores e formas, mas não os detalhes. E foi assim que percebeu, que detalhes são mesmo detalhes, afinal. Sem conseguir ler as pequenas letras minuciosamente escritas a mão, tratou de lembrar o que aquele amontoado de letras realmente queria dizer, e não as palavras que formava.
Decidiu deixar a luz acesa, por mais que não pudesse realmente vê-la. Caso não mais voltasse a abrir os olhos, deixara ali seu último desejo, sua última descoberta, e última mensagem.
O relógio marcava a hora certa, pelos motivos certos. E então, num último suspiro, apagou.
Acordou pela manhã para admirar a beleza de uma luz maior lá fora que, solitária, mas radiante, mostrava que o dia só se torna noite, para que a noite possa virar dia, e possamos assistir a este espetáculo matinal do regresso.
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